Lideranças Femininas nos Programas de Medicina de Emergência do Brasil Uma Análise sobre a Percepção do Preconceito de Gênero
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Resumo
Introdução: As desigualdades de gênero são antigas em nossa sociedade. Apesar da crescente feminização da medicina no Brasil, persistem importantes assimetrias. A Medicina de Emergência é uma residência reconhecida recentemente no Brasil e não existem dados sobre a percepção das médicas quanto tais desigualdades no exercício de sua profissão. Metodologia: O objetivo do estudo foi analisar o perfil demográfico e a percepção do preconceito de gênero das lideranças femininas em Medicina de Emergência no Brasil. Foi realizado estudo transversal quali-quantitativo. A pesquisa foi desenvolvida via questionário online enviado às coordenadoras dos Programas de Residência Médica de todo o Brasil. Os dados foram analisados de forma anônima. Resultados: Houve participação de 19 coordenadoras e foram apontados diversos desafios, como sobrecarga doméstica (57,9%) e vivência de episódios de violência no ambiente profissional (73,7%). A análise qualitativa contou com 13 relatos espontâneos sobre episódios pessoais de violência e foram categorizados de acordo com autores e conteúdo dos episódios. Discussão: Há uma sub-representação feminina na Medicina de Emergência, com 30% de emergencistas mulheres no Brasil. Relatos de preconceito de gênero e assédio foram analisados sob a ótica das tecnologias de gênero. É inegável que normas culturais impactam a atuação feminina, associando mulheres a estereótipos de gênero e influenciando no reconhecimento profissional. Conclusão: A coleta de dados sobre lideranças femininas na Medicina de Emergência é fundamental para compreender o perfil e os desafios da especialidade. Novos estudos são fundamentais para a plena inclusão das mulheres na Medicina de Emergência brasileira.
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