Pseudoatividade elétrica sem pulso em obstrução de vias aéreas por corpo estranho
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Resumo
A obstrução de vias aéreas por corpo estranho é uma frequente causa de morbimortalidade, principalmente em populações
pediátricas. A utilização de ultrassonografia durante a parada cardiorrespiratória tem ganhado destaque e pode auxiliar na
elucidação diagnóstica e na conduta. Ainda não há uma definição globalmente aceita do termo pseudo-atividade elétrica sem
pulso, mas geralmente é considerado como a presença de contração miocárdica na ausência de pulso palpável. Alguns
autores têm defendido mudanças na forma de abordar esses pacientes, tratando como um “estado de choque profundo”.
Relata-se aqui o caso de um menino de 7 anos atendido com obstrução de vias aéreas por corpo estranho. Foi iniciada
reanimação cardiopulmonar, e o objeto foi retirado sob laringoscopia. Após aproximadamente 40 minutos de reanimação
cardiopulmonar, durante a checagem de ritmo, o paciente apresentava bradicardia extrema, sem pulso palpável, porém,
tinha atividade contrátil miocárdica à ultrassonografia. Optou-se por sair do fluxograma normal de Suporte Avançado à Vida,
iniciando noradrenalina e mantendo compressões torácicas. Após dois ciclos da introdução de drogas vasoativas (DVA), o
paciente apresentou retorno de circulação espontânea, com estabilização hemodinâmica suficiente para transporte, sendo
conduzido até o hospital de referência local. A ultrassonografia durante a parada cardiorrespiratória pode auxiliar tanto
na elucidação diagnóstica da causa do colapso cardiovascular como também ter papel na tomada de conduta. A ciência da
ressuscitação ainda é permeada por intervenções com grau baixo de evidência. Apesar de ainda não haver estudos robustos
sobre pseudo-atividade elétrica sem pulso , direcionar a terapêutica baseada na busca da causa nos parece fazer sentido, e a
utilização da ultrassonografia tem se demonstrado grande aliada.
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